domingo, 29 de novembro de 2009

YRAMATAV APOLOV STHV YEA

YRAMATAV APOLOV STHV YEA

Oles i morfis proti fori xai egw olomorfo
giornno den exw opws ta einai mouse apo to 0éw.
Éros xai éyes ta hllenixa ep-opwéa sth yéa mou
Palu apo to dromo xai ono leyes mou.

LE£IXO OLO DEN LEYO TOU DROMOU SOU.
XAI OLES STH MORFIS AESTESIS ONOS
OPW XRONOV ETSI TSIGARO
ABARO ANALOYIA ANAYRAMA PRÁYMA


Águia com cabeça de leão desvende de minha mão o teu destino.
Espere a última aurora chegar e recomece a contar com o menino
pequenino que nino dentro de você.
Hoje terá mais o que fazer pois é impossível aos mortais a paz
a não ser no findar dos dias.
Dentro espia, tua sorte, rumo norte rima forte prima dona que era.
Sincera, aumenta significada complexa tal qual teu corpo que espera
a mão que balança o berço.

Na verdade sou bem melhor que isso, e os deuses não existem.


PRAYMA etsi epi to 0éw xai oles i morfis sth yea Curitiba
esxriba den leyeis yinh exzo tais gramais edoneis mou
ta loyia. Loyiav etsi epi to 0éw.


LOYIAV ETSI EPI TO 0EW...
OLES I MORFI "MORFEU" HI''PNE TO FORO.

Anderson Carlos Maciel

sábado, 28 de novembro de 2009

Sibilas

Sibilas no interior dos antros hirtos
Totalmente sem amor e cegas.
Alimentando o vazio como um fogo
Enquanto a sombra dissolve a noite e o dia
Na mesma luz de horror desencarnada.

Trazer para fora o monstruoso orvalho
Das noites interiores, o suor
Das forças amarradas a si mesmas
Quando as palavras batem contra os muros
Em grandes voos cegos de aves presas
E agudamente o horror de ter as asas
Soa como um relógio no vazio.




© 1990, Sophia de Mello Breyner Andersen
From: Obra Poética I
Publisher: Caminho, Lisboa.

PIW-Por

Poemas de Bandeira Tribuzi

Fragmento: Ó MINHA CIDADE, DEIXA-ME VIVER,

Liberta-me das grades da miséria,
Afasta a sombra negra da injustiça.
Deixa que a alma do teu povo simples
Vagueie em paz por tuas ruas tortas.
Que os pés não sangrem ao pisar descalços
As pedras seculares do teu chão,
Que as mãos se juntem em prece nos teus templos
E peçam a Deus o pão que alimente
A fome de justiça de tua gente.


QUE EU QUERO APRENDER TUA POESIA,

Que está nos teus sobrados e azulejos,
Que transpira em tuas noites de verão,
Onde uma lua langorosa e doce
Banha de prata o casario antigo.
Poesia que está nos púmbleos mares
Que beijam tuas praiasfascinantes,
E está na graça morena das mulheres,
Na brejeirice e no sortilégio
Dos olhares ariscos, feiticeiros.
Que está nas fontes, nos rios, nos regatos
E no verde telúrico das matas.

[Contribuição da professora Maria Aparecida Klohn]
Bandeira Tribuzi
A resistência à teoria
Eu ficarei à espera de que as uvas
das minhas videiras
amadureçam
à luminosidade da palavra
dia
DANIEL JONAS
PIW-Por

haikais

Noite do espanto
Fui baixar um arquivo
baixou-me um santo
*
Noitada boa
a dentadura do velho
ri à toa
*
Uma Boca Maldita
espalhou por toda a XV
que o Bondinho apita
*
Noite de inverno
Um chopinho bem gelado
é servido no inferno
*
Coral de monge
o apito do trem
que vem lá de longe
*
Brisa da manhã
O olhar é mais lento
que o carro de boi

Alvaro Posselt
Simultaneidades

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Nocturno

La noche nos inventa. Sus amantes,
somos sus preferidos
amantes. Oye cómo
crece su inmenso pulso derramado.
Aprisiona su informe aroma.

¿Duermes?

Soñamos juntos al labio del abismo.

La noche nos inventa. Yo te tengo,
ámbar toda. Tú cortas de mi sangre
las amapolas más lejanas. Bajo
la apasionada luna de tus sienes
advierto que. la noche entra en nosotros,
se enardece lo mismo que yo.

¿Sueñas?

Despiertos, sobre el mundo navegamos.
La noche nos inventa. Va naciendo
de este extremado limbo compartido
una rosa que embriaga como el jugo
difuso de la muerte. ¡Acude! ¡Sálvame!
Salva este eterno instante, de las sombras
detén este latido final.

¿Vives?

Muertos de amor, un lirio nos conduce.

JUAN REJANO ( España, 1903 - 1976 )

Ah! Os Relógios

Amigos, não consultem os relógios
Quando um dia eu me for de vossas vidas
Em seus fúteis problemas tão perdidas
Que até parecem mais uns necrológios.. .


Porque o tempo é uma invenção da morte:
Não o conhece a vida - a verdadeira -
Em que basta um momento de poesia
Para nos dar a eternidade inteira.


Inteira, sim, porque essa vida eterna
Somente por si mesma é dividida:
Não cabe, a cada qual, uma porção.


E os Anjos entreolham-se espantados
Quando alguém - ao voltar a si da vida -
Acaso lhes indaga que horas são...


Mario Quintana
(1906 1994)


(do livro: A Cor do Invisível)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Informes Aedos

MEDIEVAL:

Olá, os convido para mais uma apresentação de música medieval.

TABERNA FOLK - Cosmópolis, Sp
(Música Medieval)

Abertura com:
Vevila Veldicca - Curitiba, Pr
(Música Celta)

Dia 28/11/2009 - 19:00h - Centro Paranaense Feminino de Cultura R$10,00
(Rua Visconte de Rio Branco, n° 1717 - Centro - Curitiba/Paraná - Fone: 3232-8123)

Ingressos antecipados à venda para o dia 28: De Kroeg Bar (Av. Jaime Reis, 320 - São Franciso - Curitiba)
Em frente ao estacionamento do Ópera 1.
Também pelos fones: Henrique: 9914-5547 / Robson: 9608-8721 / Eduardo: 9671-1923
ou pelo e-mail: folkloricstorm@gmail.com

Ingressos no local APENAS na hora do evento.

Dia 29/11/2009 - 18:00h - Café Parangolé R$07,00
(Rua Benjamin Constant, 400) - Fone: 3092-1171(próximo a Reitoria da UFPR)

HAVERÃO
Camisetas e cds a venda nas datas das apresentações

lúcia Gönczy

sábado, 21 de novembro de 2009

Patriarca de Constantinopla

Destilação da Mesquinhez

Não me ilude a opulência, repique insultante
Babando o travo, a sânie e as fezes da ruindade
Negais e destruis por velha fealdade,
Para desafogar a fobia asfixiante
Consumidos por egoismo e inveja cancerante
Pretendei-vos contundir a sensibilidade,
Porque lhes bastam a esmola na falsa piedade
A inssosa babaquice e a crença rastejante.
Visando o "original" e a míngua de pujança
Esfacelados por embustes do exotismo na pança,
Tudo é atascamento da arte à estupidez
Esfalfai-vos a toa em assomos inúteis
Grunhe a vileza nos gáudios de fúteis!
Expectorar! dos que arrotam a mesquinhez.

Tullio Stefano
po&teias
Mergulho no utópico mar e desconstruo horizontes
de cores marcadas
Rasgo a tela, quebro a moldura, atravesso
o quadro
E pinto as ruas do meu mundo com a cor do riso
dos palhaços e o gozo da poesia das noites
vagabundas...

Élida Maria Aragão.
São luís /Maranhão

Cantos Gregorianos

décima 1







poetemos o PT:

se quando ética existia,

sarney era uma rapina,

vigarices da mercê,

agora força esquecer.

lula na verdade é polvo,

sépia nos olhos do povo,

espreguiçando os tentáculos

por onde lautos repastos:

remessas, repasses, soldos.




décima 2




só se relaxando o esfíncter,

leva-se no magro cu

da boa-fé – norte a sul –

fala-falo/em-falso-em-riste.

alma e virtudes de pinscher,

ocultando ossos no armário,

cagando mole no erário:

à Postiça Social,

mau-caráter carnaval,

só com surra de caralhos.




décima 3


ou se com boa boquinha

de chupeteira na teta,

uniforme de estafeta

onde a Estrela Boazinha,

anjos co´asas de galinha;

só com sangue de chacal,

rigor de débil mental,

no refeitório das ONGs

prum miojo com mensonge,

pra concluir: “menos mal".


Rodrigo Madeira
pó&teias

Informes Aedos

- aos amantes da poesia:


"Um novo projeto que visa colocar em evidência
a poética curitibana, incentivando a produção
literária e a narração da poesia"

O evento será quinzenal. Estarei lá com minhas poesias ao lado do poeta Edson Falcão, nesta primeira edição.
- Edson Falcão publicou dois livros de poesia:
- As musas do Canal Belém
- O Ossário de um Ferreiro.
Prepara seu terceiro livro para breve.

Café, Leite Quente e Poesia
O Sublime x O Pitoresco
Edson Falcão e Bárbara Lia
dia 21/11
16h
Café do Paço - Paço da Liberdade
Praça Generoso Marques, 189
Curitiba - PR -

Bárbara Lia

O que será?

Resta hoje tudo.
É sempre um ponto de partida
quando amanheço

Pensando bem...
estou em estado de alerta
na estação, esperando um trem

Deixei em stand by
qualquer ruído presente.
E vão altos os ventos

adivinhar tua boca.
Se na minha vier,
serei eu tua busca.


Ivone fs

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Jura Secreta 89

a face oculta da maçã
duas partes que se abrem pêssego
campo de girassóis teus pêlos
alvoroçados sob o sol de Amsterdã
enquanto isso em teus mamilos penso
o que ainda não comi desta maçã

Artur Gomes

Informes Aedos

sexta,20 de novembro, 20 horas- Bardo Batata
rua Bela Cintra, 1333 - Jardins- SAMPA
NENO MIRANDA apresenta sua MPB Neo
Contemporãnea
realizaçao Dora e Lúcia - Proyecto Cultural Sur Paulista e Poetas Del Mundo

SM

Há momentos para a delicadeza das rendas.
Mas não hoje: corpete de couro, correntes.
É noite de algemas e vendas.
E ninguém tem nada com isso,
A não ser a gente.

Você se rende, se entrega,
Se dá ao luxo da confiança cega
No carrasco que elegeu.
Em pé à beira do leito, o tal eleito, eu,
Faço de você meu brinquedo e deleite.

Te quero dada de corpo e mente,
Te quero em bondage, amada, afoita,
Te quero em estro, miando, felina,
Te ouvir gemer meu nome entre dentes.
A cada meu toque de afago-açoite
E cada beijo quente da parafina.

Se quiser, depois a gente troca,
Você senhora, eu submisso.
Danem-se vizinhos e fofocas!
Ninguém tem nada com isso.
Há muitas e várias formas de gozo
E titio Sade ficaria orgulhoso.
(set '09)

Allan Vidigal

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ANDREI RUBLEV

Cronologia

Está online? O fonema marketing
darling
temístocles morreu de crítica.
Temos o papel na mão que já abdicamos
foram anos esquiando
pra aprender a ser superficialidade
na tua idade eu diria.

Dentro solidão enquanto isso.
Mas que solidão? Se for aquela do si[ai]te
eu não quero. O problema é que eu pouco
importo mesmo. Então você vá lá.
Até onde eu já conheço.

Com a corda no pescoço
de óscars cacofônicos estrondosos
volte até mim, que sou todo puro
no alto do monte na Índia
pensando que no retorno
o povo morno
não me esquece ainda.

"Sempre procurei cativar"
é estranho para quer a liberdade,
também
por um vintém eu te libero
da cronologia.
Um café, dois curitibanos:

Oi como vai tudo bem?
Estava esperando desligarem
pra te ver.
Nem eu nem você, e aí o que mais?
Na psicanálise a guestalt,
Na concepção estética a direita.
Na política o inconsciente
e nos teus mandos o meu amor
polimorfo
ao contrário da dualidade.

Na tua cidade, esperando você.
Cortar esse cabelo, fazer a barba
tomar o remedinho e mostra a língua,
que não precisava e fizeram de você
superficial,
álcool, cigarro, loucura
e outros rótulos de garrafas prontas
que te vendemos como vacina [antídoto? eu caio nessa]
Não quero, volte amanhã,
tenho senso crítico,
quem sabe,
tire mão de mim então, e temos o mesmo problema

Na verdade estou bastante famoso
salvando o mundo do ridículo,
em verdade, em verdade.

The Heart – From ‘Stalker’

"Teus passos somem
Onde começam as armadilhas.
Curvo-me sobre a treva que me espia.

Ninguém ali. Nem humanos, nem feras.
De escuro e terra tua moradia?

Pegadas finas
Feitas a fogo e espinho.
Teu passo queima se me aproximo.

Então me deito sobre as roseiras.
Hei de saber o amor à tua maneira.

Me queimo em sonhos, tocando estrelas."


Hilda Hilst, "Poemas malditos, gozosos e devotos

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Crepúsculo.

Apresentei dia desses a um camarada meu de Curitiba, algumas das famosas praias do Rio de Janeiro: Flamengo, Urca, Leblon e Arpoador, interessante, pois já me sentia pouco à vontade ou desacostumado com vários aspectos bem próprio dos litorâneos, inda mais dos cariocas e fluminenses, meus conterrâneos, as vezes cidadinos tão soberbos de seu litoral, cuja fama e beleza é proporcional a desfiguração da cidade, mascarada para o mundo de Globo e Olimpíada. Contudo, aqui existem pedras e existem orlas, praias onde não fiz castelos de areia, mas, caminhei sobre os avatares do horizonte; a mais de seis anos não subo os mirantes que dão ornamento as encostas e quebra-mares, que, para mim sempre foi a parte mais fascinante de um litoral, assim como a marisia da noite; ironicamente nem mesmo os meus pés se equilibram naquelas pedras com a mesma flexibilidade de antes, me esqueci até o simples hábito de lavar o chinelo no mar e tirar a areia enquanto se anda descalço no calçadão, ex-carioca mesmo; revisitar um lugar, parece uma nova permissão, a distância nos veta a presença física, regressos, somos licenciados da distância, no entanto agora, apesar da licença, sinto-me embargado no estranho deslocamento da memória. Por fim, tivemos o brinde amargo do calor e um sol anátema, dizem os metereologistas que estamos sob um pico extraordinário de calor, provavelmente dirão o mesmo ano que vem. Ah o sol, causticamente desolador, implacável tal qual o amanhecer que te chama para o cotidiano e não para o mar, esse mesmo sol gerador do calor que de tão quente morrerá como o escorpião suicida quando cercado pelo fogo; sossegados, isso é para daqui a dez bilhões de anos, ele se transformará em carbono e tudo será uma senescente estrela anã branca.


Tullio Stefano.
Pó&Teias

Estou fonema.

Estou fonema.

Estou como "vermeio"
no fino seio
se semeio mais que a sede de "mamar".

Aqui dentro existe lógica,
mesmo que mero fracasso
estou prosópica que fonema,
que sou letra iracema.

Tiara de ouro,
caminhando no touro lá vou eu,
passo plebeu, passo patrício
quem é que comeu?
Junto os pedaços
sou eu me desfaço.
Fidalgo, no dicionário
do teu armário
de ter
se quer ser
igual ao teu destino
libertino no parecer
funcionário público.

Quero dialética
mas sou quimera
pacote
de significações.

Falar é teu estigma
e minha glória
inglória.

A lógica é a psicologia dos teus pais
dos teus sais de falsidade daquilo
tranquilo que não vem a ser.
Estou aqui esperando para guerrear
aniquilar tuas fontes, teu passado
e teu jeito de ser.
Sou sincero pois não me importo
queria mesmo era a transmutação
dos valores na perfeição estética
tua mediocridade é pouca comparada
à de outros que me pagam muito razoavelmente,
o pente da inflação.

Ainda vou rever os pontos "onde sou eu estive".
Tenho dentro deles a liberdade de "sou mais".
Os preteridos "já fui" são sangue coagulado
ou hemorragia eterna, fruto e cisterna
sempiterna filologica que eu sou
neogrega, germana, dinamarquesa
abastada de dinheiro "te amamos".

Bom dia, boa tarde, boa noite,
é bom de vez em quando
pra enxugar o teu pranto
"sem saída" navalha.

Vénus et l’Amour attendant Mars

Borboleta

Eu me pergunto
quantas vezes
quis eternizar
os parques da infância
e imortalizar a tarde
por saber que os deveres
me fariam engolir a maioridade?

Quantas vezes
quis guardar sua inocência
por não querer em mim
qualquer maldade?

Todas as vezes
que deixei a porta aberta
foi p'ra você sair e entrar
sempre de bem com a liberdade

Você pode voar, se quiser,
pode escolher seu ar
Mas não se diga livre
por deixar partir
o que mais lhe diz respeito

Você pode partir, se quiser
Mas só que não verá
o meu melhor sorriso:
aquele que guardei p'ro dia
em que tudo fosse eterno.

César Magalhães Borges
in Canto Bélico

sábado, 14 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Asterix e Obelix completam 50 anos

Deutsche Welle.29/10/09

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Albert Uderzo mantém a tradição dos anti-heróis gaulesesAs aventuras dos anti-heróis gauleses têm fascinado gerações e ocupado até mesmo cientistas políticos. "Asterix e os godos" é uma importante contribuição para o estudo das relações franco-alemãs no início de 1960.

Em 1959, o milagre econômico dominava a Europa. Os heróis protagonizavam histórias de amor, salvavam moças e se apaixonavam. Ninguém se interessava por aventuras de romanos ou gauleses. Mesmo assim, em 2009 Asterix celebra 50 anos.

Nascidos em uma noite

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Coautor René Goscinny em 1971
Na realidade, Asterix, Obelix e companhia não eram para existir. O plano original era criar uma série de histórias em quadrinhos sobre o clássico Le roman de Renard para o lançamento da revista francesa Pilote.

Os cartunistas encarregados de adaptar as aventuras da ladina raposa medieval eram René Goscinny e Albert Uderzo. Porém, após escrever e desenhar a primeira página, descobriram que outro autor de HQ já se ocupava do mesmo material. E, pressionados pelo tempo, criaram os anti-heróis Asterix e Obelix em uma noite.

Assim nascia um sucesso internacional e uma mina de ouro para seus criadores: 50 anos depois, os quadrinhos já venderam 300 milhões de exemplares, foram lançados 12 filmes baseados neles. As aventuras dos gauleses já foram traduzidas em 100 idiomas, na Alemanha também nos dialetos bávaro, saxônio e suábio.

Tipicamente francês

As personagens de Goscinny e Uderzo são também a alegria de historiadores e filólogos. Docentes de grego antigo e latim usam os diálogos nos balões para explicar conjugações e declinações. Já se publicou literatura científica de acompanhamento sobre Asterix, e até mesmo cientistas políticos têm se ocupado de suas aventuras.

Uma chave desse sucesso é o fato de a publicação apresentar uma imagem oposta ao mundo dos heróis dos filmes e quadrinhos estadunidenses, "algo tipicamente francês", como explica Uderzo. E assim, os gauleses tomaram o lugar dos índios.

"Eu queria um anti-herói, um baixinho", lembrou Goscinny certa vez, numa entrevista. "A ideia era Asterix ser um nanico, tão perceptível quanto um sinal de pontuação. Para mim era importante que fosse uma figura engraçada por si."

Além disso, os protagonistas têm humor e senso de observação, são rebeldes simpáticos e justos, cujas histórias já se tornaram parte do patrimônio educativo. Asterix é adorado tanto pelos escolares e crianças quanto por pais e professores: ele une as gerações.

Asterix e os bárbaros

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Panoramix discute em saxônio na versão alemã
O tema das relações franco-alemãs foi abordado no terceiro número da "série clássica", Asterix e os godos, de 1963. Esse está longe dos simpáticos e levemente provocadores clichês humorísticos das outras aventuras. Os alemães são bárbaros, são líderes e carrascos com obsessão militar. E nesse número, Asterix não ajuda a ninguém.

Isso reflete as experiências pessoais dos autores. O politólogo Alfred Grosser, um dos mais destacados teóricos da reconciliação franco-alemã, chega a classificar esse número como uma importante obra política, por retratar o estado das relações binacionais no início da década de 1960.

Mas a primeira fase do lançamento de Asterix na Alemanha tampouco foi fácil. Em 1965, Rolf Kauka, editor das história com os personagens Fix e Foxi, comprou os direitos de publicação. Porém, ao invés de deixar as figuras em sua ambientação original, ele as germanizou. Asterix virou Siggi, Obelix tornou-se Barbarras. Numa tentativa de refletir a situação política então atual, os gauleses foram transformados em germanos ocidentais, os romanos viraram norte-americanos mascadores de chiclete. A graça se perdeu, o lançamento estava fadado ao fracasso.

Porém Goscinny e Uderzo salvaram sua criação, retirando os direitos concedidos a Kauka. Nove anos após a primeira edição francesa, era lançada uma tradução adequada na Alemanha: Asterix der Gallier. Os alemães, que até então não eram grandes apreciadores de HQ, tornaram-se fãs ardorosos.

A força do mais magro

Em 1977, soou a hora mais triste na história de Asterix e Obelix. René Goscinny foi ao médico para exames de coração e circulação sanguínea. Durante o teste de esforço, ele morreu diante dos olhos dos médicos. Uderzo teve que continuar a obra sozinho.

No início, em 1959, os dois assumiam ambas as funções, tanto de desenhista como de autor. Mas logo optaram por uma divisão: Goscinny assumiu os textos, e Uderzo passou a se encarregar do traço. Mas depois da morte de seu parceiro, ele voltou a exercer as duas atividades.

Bildunterschrift: De carne e osso: Chatotorix (Franck Dubosc), Obelix (Gérard Depardieu) e Asterix (Clovis Cornillac)
Desde então, os críticos apontam uma queda de qualidade nas histórias. Além disso, há as brigas entre o autor e sua filha, que originalmente deveria levar o trabalho adiante. Querelas com as editoras também afetam o rendimento de Albert Uderzo. As últimas duas edições acumulam poeira nas prateleiras das livrarias.

Ainda assim, mesmo 50 anos depois, a popularidade de Asterix e Obelix é indiscutível. O cientista políticoAlfred Grosser disse certa vez: "Na França impera uma hostilidade contra o esporte profundamente arraigada. Sabido é quem é magrinho, burro quem é forte". O par de anti-heróis confirma essa observação: o que o brutamontes Obelix não consegue, o nanico Asterix alcança pelos meios da esperteza. O segredo do sucesso não é o mainstream – é ser diferente.

Autor: Carol Lupu (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer

"A Europa não tem direitos autorais sobre o Esclarecimento"

Cultura | 14.12.2008
Deutsche Welle

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Hans-Magnus EnzensbergerO escritor Hans-Magnus Enzensberger ressalta em entrevista a relevância do intercâmbio entre as culturas e lembra a civilização muçulmano-judaico-cristã na Andaluzia do passado como exemplo de convivência pacífica.

Presente em um encontro intitulado "Diálogo Cultural Teuto-Árabe", em Dubai, o escritor Hans-Magnus Enzensberger alfineta a Europa pela arrogância ao reclamar para si "os direitos autorais sobre o Esclarecimento" e adverte que uma cultura "pode morrer de sede ao se isolar". Leia abaixo a íntegra da entrevista com o escritor:

DW-WORLD.DE: O senhor afirmou que a postura dos europeus de reclamarem para si a autoria do Esclarecimento seria uma meia-verdade. O que o senhor quis dizer exatamente com isso?

Enzensberger: Como se pode verificar a partir de uma leitura das diversas designações do Esclarecimento, estamos diante de um fenômeno muito complexo, com diferentes nuances e parâmetros, dependendo do país e do idioma. O Esclarecimento é uma obra da humanindade, que carrega consigo todas as contradições e todos os paradoxos inerentes a ela.

No meu discurso, quis despertar a consciência das pessoas em relação ao fato de que os europeus não possuem o copyright sobre o Esclarecimento, mesmo que muita gente no Ocidente remeta ao exemplo da Grécia antiga como modelo. As diversas tentativas de muitos europeus de reclamarem para si a autoria do Esclarecimento levam, na melhor das hipóteses, a meias-verdades.

Minha intenção é lembrar que o chamado Ocidente tende a esquecer o fato de que, por muitos séculos, antes que David Hume, John Locke, Diderot e Immanuel Kant escrevessem suas obras antológicas, a civilização islâmica vivia seus tempos áureos na Andaluzia árabe.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Bíblia, Alcorão e Torá: tradições das três grandes religiões monoteístas conviviam pacificamente na Andaluzia do passadoA Andaluzia árabe foi, por dois séculos, um inesquecível centro de pesquisa em Filosofia e Ciências Naturais. Ali, muçulmanos, judeus e cristãos levaram a cabo debates críticos a respeito de todas as questões possíveis. E não receavam controvérsias religiosas. Sem isso, a tradição aristotélica teria muito provavelmente se extinguido.

Dante e Nicolau de Cusa, Giordano Bruno e Espinosa criaram suas obras graças a seus mestres islâmicos, da mesma forma que a astronomia moderna, a lógica, a ótica, a matemática, a medicina e também a poesia se desenvolveram graças à herança destes mestres. Como todos nós sabemos, esse período áureo não durou muito.

Não se pode evitar a pergunta: diante da imagem triste que a cultura islâmica passa hoje, há necessidade de um novo Esclarecimento no sentido europeu do termo?


No que diz respeito ao atraso nas regiões islâmico-árabes, estamos diante de verdades amargas, principalmente no âmbito da educação. O número de traduções para o árabe ilustra esse estado: desde os dias do califa Al-Mamun, ou seja, no decorrer de 1.200 anos, tivemos, até há pouco tempo, muito poucos livros traduzidos para o árabe. Tão poucos quanto são publicados num único ano na Espanha hoje.

Diante desta miséria evidente, perguntar se o mundo árabe ou até o mundo islâmico precisam de um novo Esclarecimento é, sem dúvida, de extrema importância. Esta pergunta, porém, não pode ser respondida por alguém de fora. São os pensadores, poetas e artistas árabes que devem decidir a respeito. Na minha opinião, cada cultura deveria seguir seu próprio caminho em direção à Modernidade. A diversidade dos caminhos rumo à Modernidade iria enriquecer a humanidade de forma geral.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Adolf MuschgO escritor suíço Adolf Muschg acentuou, numa conferência pelo diálogo teuto-árabe em Dubai, o papel da cultura, no contexto das relações internacionais, acima de tudo como instrumento de aproximação e compreensão entre os povos. Pois a cultura, segundo ele, detém um "potencial revolucionário". O senhor concorda com esse ponto de vista?


O fato de que aqui se encontram escritores e formadores de opinião de renome, alemães e árabes, num "diálogo cultural teuto-árabe" – a fim de conversar uns com os outros sobre o que têm em comum, mas também defender, com uma abertura rara, posições distintas – mostra que os mentores da cultura podem mover alguma coisa para além dos âmbitos da política e da economia.

Podemos, nestes encontros, aprender muito uns com os outros, desmascarando dualismos simplistas e caricaturas. Autores alemães conhecem aqui autores árabes significativos e ficam sabendo, por exemplo, através do autor marroquino Mohammed Abed Al-Jabri, como é difícil, na maioria dos países árabes, tratar publicamente de temas críticos de maneira controversa, porque a tradição e a razão do Estado proíbem [tais discussões].

O que o senhor acha do intercâmbio cultural como forma de promover a paz, no sentido da visão de uma sociedade ancorada num saber global?



Esta pergunta é de extrema importância nos dias atuais. Vou me resguardar de tirar qualquer conclusão aqui a esse respeito. Uma coisa pode-se dizer, porém, com certeza: encontros deste tipo podem promover a compreensão mútua e, com isso, incentivar uma convivência pacífica. No que diz respeito ao intercâmbio cultural, tomo a liberdade de apontar um fato: qualquer cultura morre de sede, com o tempo, quando se isola e rejeita o livre intercâmbio de pensamento.



Loay Mudhoon / Qantara.de (sv)

Hans- Magnus Enzensberger

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Informes Aedos

Título: Café, Leite Quente e Poesia

Data: 21/11/2009 16:00

Endereço: Praça Generoso Marques, 189 - Curitiba

Desagosto

noutro dia um cão raivoso
espumando versos pela boca,
disse sol à nuvem louca
e o inverno inverso, rigoroso,
fez-se ainda mais intenso!
punhal de gelo na carne pouca,
que racha, sangra e estanca
entre a pele e a roupa.
mas, o andarilho lindo e asqueroso,
como brilho de amor, imenso,
ainda trilha as ruas sujas
nas cidades do que eu penso.

Rodrigo Mebs

Informes Aedos

SUPER MPB!
VENHA DELICIAR-SE COM A MARAVILHOSA
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UMA PARCERIA PROYECTO CULTURAL
SUR PAULISTA E POETAS DEL MUNDO
ORGANIZADORAS: DORA DIMOLITSAS E LÚCIA GÖNCZY

Festa de Polacos.1979

Um ar de Monalisa

A noite pulsa
ondas luminosas.
Meus olhos
não alinham
as linhas
do seu rosto
e erram caminhos
na lembrança.

Fitas desdobradas
no horizonte
caem no em si
de um pensamento
vago, verde,
pouco pronto
para se fazer
imagem,
pouco longo
para desfiar
distâncias.

A noite
ondula a luz
em desalinho.
Fora de si,
o instante
se tangencia em traços
e insinua um riso
no olhar incerto.


César Magalhães Borges
in Ciclo da Lua

Largo da Ordem.1957

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Amar...

Descobri que posso amar.

Descobri como é bom amar.

Descobri alguém para amar.


Apaixonada sempre fui.

Mas não por mim,

até sangrar.


Algumas verdades,

algumas mentiras

sufocaram meus desejos.

Não durmo mais para não sonhar.

Estou sem chão

e só...

Pedaços escarnecidos e de mim.


Não quis muito,

um beijo.

Coração e desejo.

Ainda quero

mas não transpareço.


Olho por onde não ando.

E ando por onde não vejo.


Não falo, me vejo, me acho.

Amo e choro!

Agora, sou eu que me calo.

Deisi Perin

Sabor

Nuances de rumores

incompleto silêncio

nas sombras das dores.

Passagens da vida

em nuances de cores

do amargo ao doce.

A vida tem diversos sabores.
Deisi Perin

Informes Aedos

Sensações

Cenho franzido,

beicinho e lágrimas,

lábios contraídos

e cruzar de braços

num corpo rígido


Sensações caóticas,

dedo em riste.

Desprazer.

Sob qual ótica

contraída e triste

conseguimos viver?

Deisi Perin

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Galo

Em cima do telhado

apontando para o Norte,

está o galo sossegado.

Não liga para mim nem para a sorte.


Passa dia, passa ano,

e o galo ali parado

sempre tão altivo e forte.


Às vezes a vida se torna

vazia e solitária,

e o galo pensa na morte.


Ele que parecia tão decidido, ensandeceu.

Virou repentinamente para o Sul

Duvidando dos ventos.


Será que este galo

Está tão perdido quanto eu?

Deisi Perin

Caleidoscópio

Saborear sonhos antigos

que já nem sei se os sinto.

Preciosos caquinhos perdidos

junto à embriaguez de ópio

Qualquer coisa assim sumindo

num fugaz caleidoscópio.


Mágico objeto

de espelhos de uma vida inteira,

Refletido eco

De desejos sem fronteiras.

Deisi Perin

domingo, 8 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Puebla. México, 1963.

Vivir a los 18

Cuando vemos las calles céntricas de Buenos Aires con el filo del ojo embebido en recuerdos, nos parece distante y de apariencia imposible lo que secuencia en derredor nuestro y de lo aquéllo.

El trabajo me mata, me voy para mi casa y mientras viajo me duermo y golpeo el vidrio de las ventanas del colectivo.

Se fue durmiendo el abandonado cubierto más bien embolsado en frazada, en el filo del cordón de la vereda. Jesús le llamaban las pocas luces de sus sombras y lo arrullaron patos de ceniza, los que comió por última vez mientras cazaba, porque fue cazador, y de los buenos, allá mientras lo equino se esforzaba por no ceder espacio a los motores hoy dueños del camino, por Formosa, cuando a Formosa no la miraban ni los gringos.

Nadie lo veía, o al menos hacían como si, y seguían charlataneando en voces huecas y altas mientras corrían casi a lo pavote como caminan hoy los grupos-pende- libres aparentes sin mirarlo y sin mirarse, tal vez para evitar morir de tal contagio en pelo.

Fue que de aquél abandonado de la vida, no sabría si decir linyera, crotto o echeverriado, encenagado en sangre de las nuestras, de quien estoy hablando con ustedes, para decirles no supe ni quien era hasta que las luces que sin verlo lo mataron me lo mostraron en el noticiero hasta el hartazgo, haciendo como si, pero callaron lo que yo supe lo que les cuento que es de este sueño que insiste y me duerme en el colectivo…

No obstante, no había muerto, el obstinado cordón le hacía de muro y él se soñaba al borde de peñascos avizorando ejército enemigo porque eso le habían dado que hacer al largavista, como le nombraban sus colegas de espera en él confiados hasta la ceguera porque de Jesús se puede saber poco porque habla con sílabas y letras, pero que te veía un búho antes del chirrido, lo veía, y uno podía seguir hueveando o jugando a morir pero mañana con los pies congelados porque las venas americanas allá se nos cerraban para siempre, después supimos, algo tarde, supimos que no sentir el frío no era bueno, ni cuenta nos dábamos, el truco estaba chisporroteante en las guardias nocturnas que el viento cortaba con su sota de espadas, y del otro lado de los mares los esperábamos con sus reyes de copas y sus caballos de oro.

Y Jesús, mucho después, bajaba de a trancazos, y así fue que decidió tomarse con filosofía la vida cuando a los sobrevivientes nos abandonaron como a calzón de lona. El Jesús sabía de abandonos y se quedó en silencio, como si supiera que las cruces no las llevan los muertos solamente, se revolcó en el peñasco de la calle Corrientes , la que duerme despierta, la que yira, y cayendo por la ladera del monte no me acuerdo le presentó batalla a los englises y se bajó a unos cuantos hasta que el faro de un auto no lo vio y lo arrulló, llevándole la gloria y la sonrisa que le dejó a la gente que fue a verlo morir mientras la cana hacía el cordón para que no lo viéramos triunfar, al Jesús, en la corriente de los combates olvidados por los que están corriendo superficies.

Yo le escuché decir malvina, pero no me creyeron, por sospecha de haberlo empujado, encerraron con mi única pierna a mi persona y en él las luces se rendían mientras a mí al hospicio de las mercedes me llevaron para darme las gracias.

A su merced estoy chamigo, pero no vaya a creer que soy tan fácil, el Jesús y yo, podemos morir peleando una y mil veces chapoteando barro de sangre quemada, pero ¿rendirnos?, ni lo piense señor, prepárese le digo.

Envido.




Daniel Fernández Ahumada, Casa de Plumas, ed, Stigma-Fenda, Buenos Aires, 2oo9.-
poetasypoemas
www.cedestudioshumanos.com.ar
Tel. (011) 4523-8189

Rudnik,Sérvia,Yuguslávia.1965


Http://www.henricartierbresson.org

Tempo de Paz

[Debora Bottcher]
Daí, nas tardes quentes de novembro, quando o sol arde calmo e claro, nós andaríamos sobre a areia branca da praia, de mãos dadas, calças curtas e pés descalços, roçando as ondas, juntando conchas e estrelas-do-mar para recordar um tempo encantado de paz.
Bem perto das rochas, encontraríamos uma cigana, olhos brilhantes e cabelos negros, búzios sobre um xale vermelho estendido, que leria nosso destino: "Felicidade pra Sempre".
Percorrendo o caminho de volta, sorriso nos lábios e alegria na alma, o silêncio seria quebrado...

LEIA NA ÍNTEGRA: http://www.patio.com.br/cronica
O cachorro na porta.

O cachorro na porta
fazia sentido.
A mulher esperando
perdeu o marido.

O cachorro na porta
latia pra mim.
O cachorro na porta
latia assim:

Sim, sim, sim

Pode entrar.

Quem é a dona da casa
com par de colar?
Quem é o deus
Na sala de estar?

Desvenda e pode entrar.

Teu sonho fica pra
amanhã.
Se der certo afiarei a limalha
Do pó ao kaos
Sal do tempo.

Longe de mim esticar,
Mas fora de mim uma produção
de desilusões
no meu coração.

Era uma vez, eu mesmo.

Anderson Carlos Maciel
No espetáculo certo
aperto teu ventre
contra o meu, ateu
e consumista.
Tua pista assista
embalo nazista dentro
de mim.
Hoje quero atenção
pra rever os clichês
para vocês onde música
se fazia azia
e ritmo neogrego.

Vou tentar emparelhar as coisas
Somar o ventre com cérebro dias
Entender a foice e martelo entre
as vias e paralelos da romaria.

Não há nada que uma quimera não resolva
solva
sorva
salve
eleve o pensamento ao alto da música
paralela a ela, benfazeja, ao destino

Te nino palavras para fora
para dentro refletem o ego
cego como limalha química
na mímica do tempo.

Lógica vazia de sentimento
é clichê rudimento de fala
holografa na sala de estar
fonar o ponto de encontro

Dos teus eu sou música como Deus Harmonia
Sou dois porque sou tudo e o igual sem par
Amanhã estarei metáfora elíptica nos teus
sonhos]
Imponho o meu jeito de ser...
Dentro de ti a certeza da lágrima, [que se cair]
será de certeza:
De ontem andando a pé e você no meu caminho
eu sozinho, versinho, pragmático
estático e poliglota tal qual o papel
-do agiota que observa;
-o idiota que espera;
-a noiva que se afugenta;
-se assenta o passarinho;
-na quimera das vias.
E faz seu ninho
no esvair do tempo.

Teu sonho vai deixar de ser
Quando eu não mais existir

Pode ser hoje
Mas amanhã eu volto
Sem a cara chata inchada
Para nínguém ver.


Anderson Carlos Maciel
Pó&Teias
quem espera?
quem caminha?
quem se aninha por estas linhas
e paisagens passantes paragens
de imagens nas entrelinas?
Angela Gomes

No Promises

Ensaio

guardei teu azul
nas vidrarias e na porcelana.
no cadinho, coloquei para secar.
teorias e ensaios.
teu azul coloriu de sonho
o que não havia para sonhar.
acordo mudo mútuo refratário.
no cadinho, coloquei para secar.
no laboratório de ensaios
as vidrarias quebradas
as cruzes retorcidas
tudo já foi usado.
em qual vidro restará
o que não foi apagado?
em qual estudo ressurgirá
do cadinho de porcelana trincado
o resto da tinta do teu olhar?

Angela Gomes
Pó&Teias

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

gosto de pessoas com sorrisos largos
sem travas no maxilar;
pessoas transparentes que demonstram
o que sentem sem medo nem armaduras
inventadas;
gosto da franqueza mesmo que seja bruta;
pode incomodar mas não machuca
prefiro a verdade à mentira piedosa.

gosto de pessoas de alma leve;
aura clara
pessoas com suavidade nas palavras;
e que saibam expressar, nos movimentos,
a beleza de forma rara.

gosto de pessoas “gente”.
que não simulam nem barganham;
pessoas que não se penhoram
pela miséria humana
conscientes, ousadas, atrevidas;
mas que tudo seja em prol do coletivo.

sinto muito...
não consigo gostar da arbitrariedade!
eu só sei gostar de pessoas que
em lugar do ego
ocupe um coração.

Lúcia Gönczy

http://www.poetasdelmundo.com
No próximo sábado, 07/11, o compositor Ary Barroso será o homenageado do
quadro "Alguém muito especial", no Programa "Onde canta o Sabiá",
apresentado por Gerdal dos Santos, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
A homenagem foi produzida pela jornalista Patrícia Rodrigues, de quem
tive a honra de ser professora.
O programa vai das 8h às 11h da manhã. A homenagem vai ao ar, das 9h05
às 9h40.
Quem mora no Rio de Janeiro, é só sintonizar 1130 AM.
Quem não mora no Rio de Janeiro pode ouvir a rádio pela Internet:
http://www.ebc. com.br/canais/ radios/radio- nacional- am-rio-de- janeiro
É só clicar em "Ao vivo".
Não percam!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Labirinto

A imaginação viaja nos labirintos
Perdida em cada porta,”O Caus.”
Quebra e remove detritos.
Estabelece e reconstrói
Visualiza os horizontes,
A luz,Invade os compartimentos,
Objetivando caminhos

Dora Dimolitsas

Poemas Sujos

Tem dias que eu derramo coisas ácidas pelo caminho,
tipo intempéries da alma, nada que se aproveite depois,
e ao olhar para traz eu percebo minha história em decomposição.

Tem dias que eu desprezo as flores e colho os espinhos,
e por mais que critiquem minha loucura,
teimo em fazer sangrias na pele ressequida pela solidão.

Tem dias que brinco de colecionar filetes de pedra,
e por mais que lhes possa parecer estranho,
com eles cometo poesia de pura transgressão.

Tem dias que as palavras maceram poemas sujos,
beija-flor vez por outra mergulha no mangue...
Faz parte da evolução!

Naldovelho

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

No Meio

A vida é uma gostosa brincadeira,
Brincadeira de brincar de vida,
Onde duas pessoas que brincando,
Brincaram de um gostoso jeito.

Cada um guarda ao outro no peito,
Cada um gosta do outro a próprio jeito,
Tudo que os dois fazem, nada é feio,
Por isso, resolveram enfrentar..., o meio.

De um lado ou de outro, não faz mal,
De um lado, de outro, de qualquer jeito,
Por uma veia corre o sangue da vontade,
Por outra corre o sangue da verdade.

E conhecendo a verdade do que queriam,
Sem que nada seja proibido ou seja feio,
Brincando de brincar..., veio a vontade,
E os dois acertaram..., bem no meio.
Olinto A Simões
http://www.prazerliterario.blogspot.com

Nossas Teias

Pessoas envoltas em teias, em dramas,
esquecem o caminho, se atritam nas tramas,
e choram, reclamam, escondem seus rostos,
e vão, nem sei onde, curar tanta dor.

Quanto veneno injetado em meu corpo,
o sangue anoitece e se arrasta no esgoto,
e o rio acontece, corredeiras no mangue...
Caminhos fechados, nem sei aonde vou.

Volto pra teia e grito o Teu nome!
Canto um mantra, quem sabe amanheço?
Quem sabe acordo: primavera, setembro,
janelas abertas e virei beija-flor?

Naldovelho

Cadela que ladra... rouba

cadela que ladra ... rouba

morde
tudo quando pode
furta cores das abóbodas celestes,
celeumas dos que pescam estrelas
com seus anzóis minguantes
e suas almas crescentes
pelo céu, itinerantes.

abocanha um sol que arde
ainda que seja noite
que seja tarde
que a manhã te açoite

se esconde
atrás de tua concisa consciência
debaixo da tua aparente sonolência.

subtrai as rimas do teu destino
confunde teus passos, tuas letras
oculta teu nome
te aparta alma e corpo

dilacera tua carne feito fera
suga do teu sangue açúcar
da tua dor ela faz música
e dança em meio a teus restos
catando entre teus ossos
toda poesia possível
que a impossível
possivelmente
irá te extrair mais adiante.

Rodrigo Mebs

Vendo o que se Vende

profunda ferida, fenda
esgarçada entre as pernas
da porca e manca mesa de boate.
fissura, fístula num canto da boca
do Rio de fevereiro, que te abate
no que te rouba a vida, mas não te mata.
o que não mata, que se engorde na TV,
violando a inocente violência que se vê.
que se mate esta ciência, lentamente.
que se note esta nota de loucura
soando escura e muito, muito rente.

Rodrigo Mebs
http://www.frutafarta.blogspot.com

Terra Deserta

Terra deserta de sonhos
não se presta ao cultivo de gente,
e as coisas que ali acontecem
alimentam sentimentos estranhos.

Por lá não florescem gerânios,
samambaias desmaiadas padecem,
azaléias ressequidas não crescem,
e o que nos resta é semear desenganos.

Em terra deserta de sonhos,
o canto dos pássaros destoa,
as horas de tão lentas enjoam,
e o dia nunca amanhece.

Vidas desertas de sonhos
não se prestam ao cultivo de homens,
que por dias, meses e anos,
aprisionados às sombras não crescem.

Naldovelho

terça-feira, 3 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

Baron Samedi

‘Mudanzas’ (‘Mutations’)
[8] lo que nos queda en la palabra, cuando queda:
lo que venimos a decir, si lo decimos,
si nos alcanza el sueño,
tiene el temblor de una corola
ante el abismo.
La invicta luz que se coagula al florecer
fuera del tiempo.

‘Al aire Náhualt’ (‘To the Náhualt’ Air’), Adiós al siglo XX (Farewell to the Twentieth Century).

Octávio Paz