quinta-feira, 15 de junho de 2017

A vida na pensão de fino trato.
Lá estava eu, uma coroa sestrosa e com alguma sofisticação, me disseram... devota de última hora de Santo Antônio e do empirismo doméstico, afinal o fim de semana será longo e as festas muitas. E, como as esperanças não não morrem e os caballeros de fina estampa pululam nas vereditas alegres... resolvi eu própria pintar o cabelo, afinal a economia é o must da estação.
Mal espalho a Imedia de Loreal
e a faixineira manda uma mensagem: o hóspede canadense chegou!! Duas horas adiantado!!
Que fazer?!
Sei tanto inglês quanto a faxineira, mas não fugiria nem à responsabilidade nem às honras. Sem tempo para retirar a pintura, jogo uma touca de banho por cima e cubro tudo com uma boina de lã azul profundo que faz bonito contraste com a cor Avelã destes olhos de Nutella, me disseram.
Vou, recebo, elegantíssima e com infinito donaire apresento orgulhosa nossas instalações ao hóspede.
Grande aprovação!!
Só depois, e ao seu tempo, cumpridas toda as formalidades protocolares, já em casa, retiro o emplastro do cabelo...
Tudo isso para dizer que esta velhota castanha, de uma longa linhagem de castanhas, está com as madeixas mais negras que as asas da graúna.
Lembrei um poema de Manoel Bandeira, mas por enquanto só José de Alencar me consola.

Que viva a literatura!!!

Inês Monguilhott

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