quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

CELULAROSE?


José Marins

     Existe neurose, lordose, artrose. Mas você sabe o que é celularose?
Inicialmente é apenas uma palavra que acabo de inventar. Isto porque
não encontro uma expressão para designar essa febre por telefone
celular. Não quero chamar de mania por celular, é muito mais grave.
     Passou na TV, eu vi, você deve ter visto também, talvez nem reparou.
A velhinha disse sorrindo ter dois desses aparelhinhos de telefone celular.
Não entendi. Por que dois? Ela foi mostrar e não conseguiu localizar dentro
da bolsa, ficou meio sem graça só mostrando um. Então, o repórter deu a
idéia: ligar para o número daquele outro celular. O bicho tocou dentro da
bolsa e a doce senhora o localizou. A coisa berrava uma daquelas
insuportáveis musiquinhas.
     Eu estava voltando para casa de ônibus, quando no banco detrás a
mocinha ligou o celular: “Mãe, tô indo. Onde estou? Onde! Estou no
ônibus, onde poderia? No ônibus de sempre, mãe!”
     A mãe se levantou lá na frente e deu tchauzinho para a filha. As duas
estavam no mesmo ônibus. Eu pensei que a menina se levantaria e prosseguiria
a conversa lá, junto da mãe. Que nada, elas continuaram conversando pelo telefone
mesmo.
     Um amigo me contou que na igreja, antes de começar a missa, o comentarista
pediu aos portadores de celulares que os mantivessem desligados durante a celebração.
Súbito um deles soou. Era justamente o dele. Foi impossível conter o riso.
     Outro dia, um cliente insistiu duas vezes numa ligação via celular. “Deve estar
com problemas, não completa.”  Em seguida deu uma risadinha sem graça, ele
estava ligando para o próprio número.
     Celularose, a febre do uso indiscriminado do monstrengo. Eu, hem? Tô fora!




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